São Paulo – O presidente do Banco Central, Alexandre Tombini, e o presidente da Federação Brasileira dos Bancos (Febraban), Murilo Portugal, sinalizaram ontem para aumento do crédito para pequenas e médias empresas e maior inclusão financeira em 2015.
Segundo Tombini, para que a economia retome o ciclo virtuoso é preciso que o País enfrente três desafios, sendo que o primeiro deles é a “consolidação da inclusão financeira”. O ministro afirmou que, nos últimos anos, 40 milhões de novos usuários foram agregados ao sistema financeiro nacional.
“O desafio agora é qualificar esse processo. Ampliar o leque de produtos e serviços ofertados a esses novos usuários, tornando-os mais eficientes e eficazes ao menor custo possível”, disse Tombini, em evento da Febraban e pela Confederação Nacional das Instituições Financeiras.
“Precisamos também fomentar o hábito de poupar, aperfeiçoar as parcerias público-privadas em prol da educação financeira e continuar avançando na introdução de novas tecnologias de acesso e facilitação das transações financeiras”, completou o ministro.
Portugal salientou que a entrada das classes menos favorecidas no sistema financeiro ampliou em 56 bilhões o número de transações bancárias. De acordo com ele, nos últimos cinco anos, o número de cadernetas de poupança passou a marca de 125 milhões de contas e, nos últimos 10 anos, a população bancarizada cresceu ao ritmo de 8% ao ano, sendo que hoje seis em cada 10 brasileiros têm conta em bancos.
“Os números sinalizam, de maneira inequívoca, a contribuição e o compromisso do setor bancário com o desenvolvimento econômico e social do País”, disse o presidente da federação dos bancos.
Empresas
Portugal reconheceu, entretanto, que os bancos ainda têm “muitos desafios por setor pela frente”, como a ampliação do crédito “em especial naquelas ilhas onde o setor privado ainda não conseguiu ter uma participação expressiva, como financiamento e investimento de longo prazo”.
“Outro tema importante é o financiamento de pequenas e médias empresas”, ressaltou.
O financiamento às PMEs também foi destacado por Tombini como um dos desafios a serem cumpridos para aquecimento da economia.
“Como todos sabemos, é um segmento de vital importância para economia de qualquer país, seja pelo potencial de geração de emprego, como pelo potencial de desenhar de forma complementar as cadeias de produção”, sublinhou o presidente do BC.
“E o crédito é peça essencial para o desenvolvimento desse segmento, principalmente as linhas de capital de giro. Nos últimos anos observamos avanços importantes, mas ainda estamos muito longes do que poderíamos considerar ideal”, acrescentou.
Tombini afirmou, por fim, que o terceiro desafio é a integração do sistema financeiro com o mercado de capitais, para a criação de financiamentos e investimentos produtivos de médio e longo prazo.
“O formato de crescimento sustentável nos próximos anos depende da recuperação de investimento privado, sendo o acesso a recursos com custo de maturação adequado peça essencial para isso”, pontuou.
Cenário de 2014
Apesar do cenário promissor traçado para 2015, as pequenas e médias empresas viram o acesso ao crédito minguar no últimos anos, após os bancos adotarem políticas de maior seletividade de crédito.
Matérias publicadas pelo DCI mostram que os maiores bancos brasileiros endureceram as políticas de empréstimos às pequenas – no Itaú, por exemplo, a participação desse segmento no estoque de crédito da instituição caiu 25,1% a 17,7% nos últimos três anos.
Por: Pedro Garcia
Fonte: DCI – SP